Pequenas Grandes Mentiras | Resenha



Olá, pessoas! Tudo bem com vocês?

Eis que nos despedimos do primeiro mês do ano! Chegamos em fevereiro e sabemos muito bem que o brasileiro tem mania de dizer que o ano começa apenas depois do carnaval. Talvez até seja verdade, contudo, minhas leituras estão a todo vapor. Janeiro foi um mês excelente para mim, literariamente falando. Li, ao total, 9 livros, uns super maravilhosos, outros nem tanto assim. No entanto, não estamos aqui hoje para falar de desgraça e sim de coisa boa e trago para vocês a resenha do livro que na minha opinião conseguiu ser o melhor do mês. Vamos comentar do livro de grande sucesso da autora Liane Moriarty e seu emblemático Pequenas Grandes Mentiras, que assim como Objetos Cortantes, recebeu sua adaptação cinematográfica pelas mãos da HBO.

Autor(a): Liane Moriarty
Editora: Intrínseca
Gênero: Romance, drama, suspense
Páginas: 399
Sinopse: Todos sabem, mas ainda não se elegeram os culpados. Enquanto o misterioso incidente se desdobra nas páginas de Pequenas grandes mentiras, acompanhamos a história de três mulheres, cada uma diante de sua encruzilhada particular. Madeline é forte e passional. Separada, precisa lidar com o fato de que o ex e a nova mulher, além de terem matriculado a filhinha no mesmo jardim de infância da caçula de Madeline, parecem estar conquistando também sua filha mais velha. Celeste é dona de uma beleza estonteante. Com os filhos gêmeos entrando para a escola, ela e o marido bem-sucedido têm tudo para reinar entre os pais. Mas a realeza cobra seu preço, e ela não sabe se continua disposta a pagá-lo. Por fim, Jane, uma mãe solteira nova na cidade que guarda para si certas reservas com relação ao filho. Madeline e Celeste decidem fazer dela sua protegida, mas não têm ideia de quanto isso afetará a vida de todos. Reunindo na mesma cena ex-maridos e segundas esposas, mães e filhas, bullying e escândalos domésticos, o novo romance de Liane Moriarty explora com habilidade os perigos das meias verdades que todos contamos o tempo inteiro.


Eu juro que perdi a conta de quantas vezes alguém já me indicou algum livro da Liane para ler. Junto com O segredo do meu marido e Até que a culpa nos separe, Pequenas Grandes Mentiras fecha a tríplice sagrada de Moriarty, suas obras mais populares. Graças a uma promoção da Amazon (sua linda), adquiri o livro praticamente de graça e peguei o livro para ler com as expectativas nas alturas, como sempre. A obra sempre foi muito bem recebida e elogiada pelos leitores e após a popularização da série da HBO, o livro se tornou um dos maiores sucessos dos últimos anos. A capa da obra, como de costume, sofreu uma repaginação e traz as protagonistas vividas por Nicole Kidman, Reese Witherspoon e Shailene Woodley, mas o que esperar dessa leitura? Assim como aconteceu com Pequenos Incêndios por Toda Parte (caso seja do seu interesse, resenha completa aqui), histórias que abordam uma vizinhança em que algo misterioso acontece envolvendo os moradores dessa rua me repetem automaticamente a uma das minhas séries favoritas de todos os tempos, Desperate Housewives - se você ainda não viu, recomendo fortemente que o faça. Diante dessas obras eu logo torço o nariz, pois se torna inevitável não fazer comparações com a série, uma vez que as histórias possuem premissas muito semelhantes, contudo, fui totalmente pego de surpresa pela história criada por Liane, super original, autêntica, irônica e divertida.


A história de Pequenas Grandes Mentiras é narrada toda em 3ª pessoa (com algumas exceções que iremos comentar mais na frente) em que somos apresentados a três mulheres: Madeline é uma mulher que recém completou 40 anos. Divorciada do primeiro marido, se encontra numa situação muito difícil ao ver que sua filha mais velha, Abigail, decide ir morar com seu pai, que a abandonou anos atrás. Já em seu segundo casamento com Eddie, Madeline ainda precisa conviver com seu marido, sua mais nova esposa e a filha do casal, que estuda na mesma sala que sua filha mais nova. Celeste tem o casamento e a vida que todos queriam ter: Ela está sempre deslumbrante, linda (até quando não quer), tem um marido atencioso, uma casa enorme, filhos gêmeos maravilhosos e tudo se parece como um conto de fadas. Jane é uma mulher jovem e mãe solteira de Ziggy, um menino extremamente doce e gentil. Ela se muda para a cidade em busca de uma nova vida e de chances melhores para seu filho e as três mulheres rapidamente tornam-se amigas e confidentes, já que seus filhos serão colegas de classe. As coisas mudam quando Ziggy é acusado de fazer bullying em uma outra criança da turma e os ânimos de todos começam esquentar. A situação se torna tão caótica que na noite em que um evento ocorre na escola, um dos pais que estava presente na festa cai da varanda e morre. 

Pelo que você pode ter visto da pequena sinopse que fiz acima, o livro possui várias divisões e histórias particulares que se desenvolvem em paralelo com relação ao mistério principal. A história começa a ser contada a partir da festa e depois fazemos uma volta no tempo, até o início da história, seis meses antes da fatídica noite. Foi uma sábia decisão da Liane trazer a história narrada de frente para trás, pois ela soube exatamente como alinhar as expectativas do leitor sobre o que esperar da narrativa. Pelo menos funcionou para mim e eu não conseguia largar o livro. A escrita de Moriarty é deliciosamente divertida e você lê facilmente umas 100 páginas sem nem perceber. Há presença de muitas cenas irônicas e engraçadas que tornam a leitura ainda mais imersiva e prazerosa. Faz um bom tempo que um livro não me prendia assim por conta da boa escrita, fiquei muito surpreso e definitivamente farei outras leituras da autora durante o ano.


O livro brinca o tempo todo com o esteriótipo da "família tradicional" e como as coisas podem parecer perfeitas para o seu vizinho da porta de casa para fora, mas em seu íntimo, todas as famílias possuem seus demônios e problemas. Ocorre uma humanização muito grande das personagens enquanto a história se desenvolve e Liane aprofunda de maneira eficaz o gancho de cada uma das famílias, justificando aí, seu título conforme avançamos na leitura, se torna cada vez mais claro as pequenas grandes mentiras que todos nós contamos mediante uma situação ruim ou difícil simplesmente por não saber como agir e resolver. Não se enganem: O livro, apesar de muito engraçado, traz diversos temas bem difíceis de serem debatidos, como rejeição, abandono, violência doméstica, bullying, abuso, entre outros. Não esperava que a carga do livro fosse tão pesada e dramática, mas Liane soube dosar muito bem as medidas e o resultado é uma leitura fluida, altamente reflexiva e homogênea sem perder sua originalidade e a diversão e que muito me lembrou e se tornou a marca de Desperate Housewives, trazendo o melhor da série e sua essência para o livro, mas sem deixar de criar uma história única. 

O que mais me surpreendeu em Pequenas Grandes Mentiras foi a construção das personagens. Madeline é a minha favorita e eu queria ser amigo daquela mulher. Moriarty soube muito bem realizar descrições sem forçar ou interromper a narrativa e é tudo muito natural e pertinente na história. Os capítulos se intercalam entre os acontecimentos do passado e as investigações da polícia logo após o acidente na escola e essa é a parte mais interessante: Liane brinca com o ditado de que "para cada lado há sempre uma versão da história" e é muito divertido ler os depoimentos dos pais e professores, cada um com sua própria interpretação dos fatos. A autora constrói muito bem o suspense do livro e não entrega em momento algum nenhuma pista que sirva para desvendar os mistérios: O leitor fica até as últimas 20 páginas sem saber quem morreu e o que de fato aconteceu e isso estava acabando com a minha vida: Eu não conseguia fazer mais nada porque precisava saber o que aconteceu e no final, foi realmente bem imprevisível e só ficou ainda mais evidente o talento da autora em saber guiar uma história relativamente longa e complexa de maneira exemplar, praticamente didática, escrita com maestria cuja intenção é justamente alfinetar alguns assuntos que ainda são (porém, não deveriam) tabus para a nossa sociedade.

O livro é surpreendente, mas minha nota não. Pela resenha vocês já devem ter percebido que eu simplesmente amei o livro e não existe nota mais justa e merecida do que as tão almejadas 5 estrelinhas douradas. Pequenas Grandes Mentiras entrou para o meu hall de livros favoritos e não preciso dizer o quanto quero ver a série (principalmente por motivos de: Nicole Kidman) e já adicionei outros livros da autora em minha lista, espero que ainda me divirta e reflita muito com as histórias de Liane Moriarty.

Nota: 5,0/5,0 - Merecidíssimo 

Espero que vocês tenham gostado da resenha e lembrem-se: Deixa aqui nos comentários se você já leu ou viu a série e me conta o que achou da história. Ah, em breve teremos algumas mudanças aqui no site e espero vê-los mais vezes também, inclusive durante a semana. Muito obrigado a todos que sempre nos apoiam e é muito lindo ver o site crescendo com vocês. ♥
Até em breve!

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